Por Sami Nayef
A história do Lemingues, seres vivos minúsculos que habitam a Europa e a Ásia podem ser uma a metáfora certa para deixar clara a nossa situação como espécie, apesar das controvérsias que existem sobre o ato que esses roedores praticam. Os pequenos roedores apresentam pro algum motivo não explicado um instinto de não preservação de suas vidas e “praticam” suicídio em massa se jogando de penhascos em direção ao mar. Enquanto caminham em direção ao abismo, nada em seu comportamento questiona se devem cometer tal ato.
O homo sapiens dá claros sinais de estar caminhando em direção ao abismo também, mas diferente dos Lemingues o instinto de preservação da vida ainda é o dominante. Mesmo que isso ainda seja verdade, não bastasse os tratados e acordos sobre o clima serem descumpridos sistematicamente por potencias econômicas, agora o sul global resolveu dar sua colaboração para tornar a situação ainda mais inóspita, por isso, talvez, o fim chegue antes do fim. Fome, guerras, doenças, pandemias sempre fizeram parte da paisagem do mundo. Mas agora também falta recursos. A escassez dos recursos naturais, provocada e incentivada pelo capitalismo tardio, nos faz acelerar, devíamos estar desacelerando, em direção ao abismo. Incêndios estão devastando milhares de quilômetros de biomas protegidos, florestas nativas, parques, a Amazônia e o Pantanal. A maioria desses incêndios começou por uma ação deliberada do homo sapiens. É o início do desaparecimento para muitas espécies, mas também pode ser o início do nosso desaparecimento. É assustador, mas não é suficientemente assustador, e como os Lemingues olhamos para o que está a frente e continuamos…
A pulsão de morte que nos habita parece estar agora atuando em desequilíbrio. Pulsão de morte não quer dizer necessariamente que exista um desejo de suicídio e é melhor entendê-la como uma personagem Zumbi. É equilíbrio, como nos filmes, onde existe o lado negro da força. Mas se de fato há uma doença em todo animal humano, como afirmou Hegel, precisamos entender melhor como a linguagem, agora, pode estar tecendo um novo significante.
Não precisamos ser a mão que ateia o fogo; mas somos os olhos assistindo nosso mundo queimar.